Formada em publicidade, Daniela Gábriél sempre se imaginou trabalhando em grandes empresas e agências. Ao encarar uma realidade um pouco diferente, há 20 anos, percebeu que uma mulher negra não tinha tanta facilidade de inserção em um mercado tão disputado.
Hoje, moda, empreendedorismo e economia criativa são os grandes alvos para a fundadora da Dume, empresa que fomenta outros negócios sustentáveis e conscientes no universo da moda. Ao longo de 18 anos inserida no mercado da moda, trabalhou com desenvolvimento de produtos e criação e também como estilista.
Foi um incômodo pessoal que a tornou uma empreendedora. “Passei a desenvolver um novo olhar sobre a moda (algo que hoje já é tão comum), levando em consideração a sustentabilidade, impacto ambiental das minhas ações e das empresas em que trabalhava”, conta. Em 2015, esse novo olhar sobre sustentabilidade e consciência do impacto de seu trabalho no meio ambiente e após perceber que apesar de ter um perfil de líder e intraempreendedor, só havia potencializado outros negócios, Dani decidiu investir na abertura de sua startup. Assim nasceu a Dume, em janeiro de 2016.
Como mulher, Dani também destaca a ausência de protagonismo como um dos principais propulsores para o primeiro passo em uma jornada empreendedora. “Já ocupei cargos relevantes, como em coordenação e gerência, mas nunca podia assinar e ter o crédito pelo resultado do meu trabalho.”, conta.
Para ela, o principal desafio ao empreender foi se desvincular da segurança trabalhista. “Sou de uma geração em que as pessoas dão muito valor por estar registrada e segura em uma empresa”, afirma. “Superar essa falsa sensação de estabilidade foi um grande desafio para mim. A Dume, segunda ela, quer trazer um empreendedorismo mais claro e acessível a todos.
Manter a estabilidade do negócio é o principal desafio de Dani na condução de seu negócio. “Ter a segurança para manter uma equipe, gerar empregos, trabalhos e estabelecendo parcerias é um desafio para mim e acredito que para todo o ecossistema”. O acesso ao crédito, segundo ela, também é um dos principais pontos de dor do empreendedor. “Muito além do acesso ao crédito, vejo também como mentora que muitas vezes falta conhecimento até mesmo de como gerir esses recursos”, diz.
Hoje, além de proprietária da Dume, é mentora do projeto Google para empreendedores e também na Rede Mulher Empreendedora (RME), oferecendo palestras, educação, e consultoria para outros empreendedores(as).
“Como mulheres, temos uma visão 360º do todo. Por outro lado, temos que insistir na quebra de algumas barreiras de acesso a crédito, informação e até mesmo visibilidade”, diz. Para os empreendedores novatos, Dani recomenda conhecer a fundo a missão de seu negócio, e onde deseja chegar com ele. “Tenha clareza do potencial e propósito do seu negócio. Também procure unir o que ama com práticas administrativas, sempre buscando mais conhecimento”.
Texto de Maria Clara Dias
Para o Blog do BTG + Business
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